Definitivamente
eu sou um poeta, não pude ser ator, não pude ser um atleta;
O que mais
sei fazer, nem de ler eu gosto, só sei escrever;
E também
só escrevo quando as palavras me caem ao colo, escuto ecos, de meus próprios murmúrios;
Sou tão
grande quanto à cabeça de um alfinete, posso ser quase invisível, mas pode
acreditar, eu estou ali;
Homem de
poucas palavras, mais observa do que faz outra coisa, talvez junte todas as
folhas amareladas do tempo, e as leve a alguma editora, talvez possam
aproveitar-se de algo;
Para mim,
são apenas meus pensamentos, para mim são só loucuras, definitivamente não sei
fazer outra coisa, só sei escrever;
E muitas
vezes ainda sinto preguiça, ah se não são as palavras que meu sono desperdiça,
ficam a me espreitar, como gato que seu alimento atiça;
É charmoso
o cigarro no canto da boca, sair meio que descabelado, gravata a meio pescoço,
como de quem sai do trabalho exausto, mas só sei escrever;
Se não
forem a noites boemias, se não forem à luz das centelhas, se não for eu despido
da preguiça, não seria mais nada, eu só sei escrever;
Sai pela
porta dos fundos da casa de meus pais, pois, a porta da frente só servia aos
que trabalhavam, não gosto de horários, não gosto de acordar cedo, sou um ser
invisível, mas continuo aqui, ali, acolá;
As palavras
me vem com facilidade, dizem adeus a preguiça, dizem adeus a vaidade;
Orgulho
para que, orgulho de que, só sento meu traseiro em um sofá, ou deito-me em um
colchão confortável, e escrevo, é tão fácil;
Podem me
chamar do que quiserem, problemático, folgado, vagabundo, preguiçoso;
Só sei
uma coisa e só tenho uma certeza na vida;
Eu só
sei escrever....
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